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Cansei de ficar omissa. De ver minha cidade morrendo a cada dia que passa. Estou virando mais uma página da minha vida e cada vez mais sinto-me triste por ver que tudo que vivi na minha adolescência também nada mais restou em lembranças. Lembranças que muitos não sabem de como era bom brincar na praça Veríssimo de Melo: pegar borboletas, brincar no rinque, admirar os peixes no lago, ah! e as palmeiras, o coreto. Quando em 1967 lançaram a música A Praça, composição: Carlos Imperial e interpretação: Ronnie Von foi um sucesso porque tínhamos uma Praça, e muitos bancos, flores, namoros, crianças a correr ....lembranças! E o parque? Onde estão os brinquedos de uma área reservada para ele? Flores? Nem sonhar, apenas mato e árvores morrendo sufocadas por falta de cuidado.
Há pouco tempo todos ouviram falar em Macaé: uma das cidades mais violenta do Brasil - que vergonha senti. Está na hora de começar mostrar o outro lado da moeda. O lado que as autoridades, os próprios macaenses se omitem em resgatar e mudar a imagem de uma cidade rica. Rica em royalties e em história. De que vale dinheiro se não temos a imagem limpa? A imagem da cidade não é composta de bandidagem, de descaso. É aqui o lugar onde vivemos...o nome da cidade é como a arte, não morre.
Agora por etapas: Macaé é uma das poucas cidades que tem o privilégio de ter um obelisco - monumento que remonta a tradição egípcia antiga, levado para o ocidente pelas guerras de ocupação colonial como troféu e butim de batalha.Temos um meio à praça citada acima, que é sem qualquer dúvida nosso mais precioso monumento, que faz alusão ao centenário de emancipação política da nossa cidade, inaugurado em 1913 com toda a pompa e circunstância, como era costume na época. Consta que nas fundações desse patrimônio municipal há uma "cápsula do tempo", com filmagens da nossa cidade, sua sociedade e personalidades políticas e vistas importantes do município. Além de peças constantes em quaisquer testemunhos, que pretendem-se ser fiéis depositários arqueológicos: numerários (notas e moedas circulantes de então), jornais da cidade e do estado, selos e outras peças de relevância histórica.Nosso obelisco foi estuprado há alguns anos atrás, quando foi transformado em tronco de uma árvore de natal. E encontra-se pichado, abandonado. Fizeram uma reforma na praça e nem ao menos fizeram a recuperação de um projeto paisagístico apresentado na época por Ayres Moura: de estilo inglês com forte influência chinesa, onde sebes e arbustos escondem e desfraldam as vistas conforme nos deslocamos pelas aléias e passagens da nossa mais bela praça, que vem a ser das mais bonitas do estado, sem qualquer favor ou bairrismo. Quando da obra na nossa pracinha (nunca entendi o diminutivo), porque não aproveitaram o ensejo e fizeram uma faxina em regra, afinal a quantidade de lixo e o descaso com a mesma só se iguala a beleza que ela no fundo tem e fazem questão de esconder.O projeto original sumiu...
E as grades? Prisioneiros somos dos bandidos, dos cheiradores de cola . E os pombos? Transmissores de doenças como: criptococose, histoplasmose, ornitose, salmonelose, dermatites. Não bastasse tudo isto ainda encontramos o hábito de muitos que para lá vão para alimentar os mesmos e aumentar o risco de transmissão de doenças e danos ambientais na "pracinha". Onde está a conscientização para que isso acabe? Não bastasse os ditos passeando e arrulhando nos nossos ouvidos ainda fazem cocô na nossa cabeça. Aprenderam? Não!... é instinto, mas podemos aprender a acabar com eles antes que a praça continue para o todo e sempre sendo apenas "uma pracinha".
Ah! Por favor, respondam-me: o tal banheiro público, que foi empurrado goela abaixo de todos nós ficará "ad eternum" enfeiando nosso patrimônio cultural? Um nojo....que tal ensinar os pombos a fazer uso dele?
A praça Veríssimo de Mello era para ser um desses espaços mágicos cuja trajetória confunde-se com a evolução da sociedade local. Ela surgiu 1813 como parte das doações feitas à nova municipalidade pela família Ferreira Rebello. Há séculos o célebre engenheiro-mor do Reino de Portugal, Luis Ferrão Pimentel escreveu: – As praças são como almas das cidades. Hoje podemos afirmar: Macaé está de alma lavada.
Bem, acho que a afirmação se perdeu no tempo porque diante de tantas praças que temos estamos com a alma muito suja!